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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Honda CB650F e a polêmica substituição da CB600F Hornet

Por Waldyr Costa
Imagens divulgação/Honda Europe.


A CB650F à esquerda tem proposta diferente da CB600F Hornet à direita.

Tem sido gerada uma grande repercussão na web sobre a substituição da Hornet pela CB650F. Na verdade, a Hornet não está sendo substituída, e sim tirada de linha. Por algum motivo, que a Honda não quis tornar público, ela entendeu que a Hornet não teria lugar no futuro. Ou ela vai abdicar de ter uma naked street fighter de média, o que acho pouco provável, ou ela está desenvolvendo um novo modelo, forte, para brigar pela fatia das nakeds esportivas.




CB600F Hornet de 2006. Era líder de vendas.

Essas nakeds, chamadas de street fighter ou esportivas, são um filão do mercado e muitas marcas têm modelos lutando por um pedaço do bolo. Lá estão a Kawasaki Z800, a Suzuki GSR 750, as Yamaha MT-09 e FZ8, as Ducati Monster 696 e 796, as MV Agusta Brutale 800 e 675, a Triumph Street Triple 675, a Aprilia Shiver 750, a Benelli TNT899, a KTM Duke 690 e outras mais. Não é lógico que a Honda vá desistir disso agora, já que a Hornet sempre foi um best seller. Isso mesmo, foi. Já não é mais, por quê?. É fácil notar o porquê: todas as concorrentes têm mais volume no motor, ou seja, têm cilindrada maior, na faixa das 700c a 800cc. Mas e as 600 não eram uma categoria diferente? Eram, mas não são mais. Na briga pelo mercado, vale tudo. Um motor com maior capacidade cúbica vai ter mais torque, mesmo que não tenha mais potência. E isso é o que fica no boca-a-boca do mercado consumidor. O que nós usamos o tempo todo é o torque. Potência só de vez em quando ou de quando em vez.

A CB900F Hornet. Quando foi descontinuada, a CB1000R ocupou o seu lugar.

Para resolver o problema de torque, só tem duas soluções. A primeira, e mais simples, é aumentar o "tamanho" do motor e a segunda é colocar um turbo, uma solução mais complexa, pois é preciso reforçar a parte mecânica do motor para suportar o maltrato da alta compressão. Logicamente a Hornet já não tinha mais condições de brigar com a força dos motores maiores, mesmo sendo uma excelente moto. Se a Honda quisesse continuar o legado das Hornet, ela o teria feito quando substituiu a Hornet 900 por uma moto melhor e mais bonita, que foi a CB1000R. Ela não chamou a 1.000 de Hornet, não foi?

A CB1000R sucedeu a Hornet 900 e foi muito bem aceita por consumidores e mídia especializada.

A 600 era a última da espécie. Eu apostaria minha moto que a Honda virá com algo novo, competente e competitivo. É uma questão de tempo. Talvez uma CB750R, ou uma 800, ou uma tricilíndrica forte. Anotem aí, a Honda não vai deixar as outras marcas tomarem conta desse nicho de mercado enquanto ela fica só olhando. Mas, no momento a Honda não tem em linha, em nenhum lugar do mundo, um motor que seja uma solução para o caso. E fazer um motor do zero, podem acreditar, não é rápido nem fácil.

A CBF600 tinha a mesma proposta da CB650F, sendo com um estilo mais clássico.


Então, por que a CB650F? Explico. A Honda teve, nos últimos anos, uma moto mais calma, voltada para uso urbano descompromissado, que era a CBF600. Usava o mesmo motor da Hornet, porém numa versão mais amansada e ainda permitia o uso da habilitação de novato na Europa, que tem limite de potência, através de um limitador de potência em forma de kit, que pode ser posteriormente removido quando o condutor completar 2 anos de habilitação.

Julgar uma moto antes de pilotá-la pode ser um grande erro. A CB650F pode mudar a opinião dos fans da Hornet.

A retirada de linha da CBF600 deixou a Honda carente nesse setor. Como a substituição não foi imediata e coincidiu com a saída de produção da CB600F Hornet, é muito lógico que a Honda diga que essa é a moto que vai estar no lugar da Hornet. Não é crime nenhum. Mas eu não acredito que seja exatamente assim como foi colocado e acho que foi um erro de estratégia, pois tenho lido sobre muita insatisfação dos donos de Hornet, que gostam de uma moto mais zangada. Eu creio que se a Honda tivesse anunciado a CB650F como a substituta da CBF600 não teria gerado uma repercussão negativa e tudo estaria em seu devido lugar, pois a CB650F  é a substituta natural da CBF600. O desempenho e proposta das duas são iguais. As concorrentes naturais da CB650F  são outras: Yamaha XJ6 600cc, Kawasaki ER6 650c, Suzuki Bandit e Gladius, ambas 650cc, Hyosung/Kasinski GT650 etc. Esta classe está com grande crescimento de vendas devido à migração de usuários de carro e também de muitos novos motociclistas querendo, e podendo, começar a vida motociclística num patamar mais elevado.

A Honda promete uma moto inteligente e racional. O bom desempenho em média
e baixa rotação é um trunfo para conquistar os fans das Hornet, que peca neste quesito.

Então vamos nos ater agora ao que temos no mercado e sabermos o que a Honda nos diz sobre seu novo produto. Uma moto nova, a CB650F, que foi um projeto feito do zero, sem aproveitar nada do que a Honda já tinha em produção, muito menos da Hornet. Desenvolvida e desenhada dentro da nova filosofia da Honda de construir máquinas mais "inteligentes", com comportamento mais humano, mais fáceis de pilotar, mais econômicas e nem por isso, menos emocionantes.

O padrão da nova linha CB da Honda se repete na CB650F.

O layout gráfico é baseado na nova linha CB500, que está determinando um padrão de design das novas motos "CB" da Honda. O conceito é bem parecido com o da NC (New Concept), que tem aqui a NC700X, que logo vai ser NC750X. Não são motos radicais que prezam exclusivamente o desempenho. São motos que prezam o relacionamento homem-máquina de forma mais pacífica e harmônica. Eu diria racional. Por que pagar mais pelo que você não vai usar, ou que raramente vai usar? É mais lógico que você economize com algo que realmente vai aproveitar por inteiro, não? É, eu sei, para alguns, emocionalmente, é não. Mas, racionalmente, sim.

Motor para agradar na cidade e na estrada. Baixo consumo foi uma meta em seu desenvolvimento.

O motor foi especialmente desenvolvido para despachar grande parte do seu torque abaixo das 4.000rpm. Um caráter de desempenho radical foi descartado e uma boa resposta de aceleração e retomada, em médios e baixos regimes, foi o objetivo. Assim como trafegar em autoestradas dentro do limite velocidade permitido, economia na construção e consumo de combustível contido. Uma lembrança da antiga CB400 four de 1974 está no ar quando se conhece a arquitetura e funcionamento deste propulsor, cujo funcionamento é suave em qualquer rotação, sem deixar de lado a emoção e o charme de ser um quatro cilindros em linha.

Os computadores tratam de testar e desenvolver as motos virtualmente antes delas irem às ruas e estradas fisicamente.

A tecnologia Computer Aided Engeneering (CAE), na qual os modernos softwares de projeto e desenvolvimento virtual de veículos, foi utilizada para otimizar cada pequeno detalhe mecânico do motor, seja na dissipação de calor, redução de atrito ou outro parâmetro qualquer. Estes modernos softwares simulam o funcionamento do motor antes mesmo dele realmente existir fisicamente. É possível verificar falhas, perdas mecânicas, pontos críticos de aquecimento e tantos itens podem ser verificados e otimizados antes do motor virar "gente". Atualmente, quando se constrói fisicamente uma moto pela primeira vez, ela já está num estágio de anos de evolução. Já chega com mais de meio caminho andado antes de começarem os testes nas estradas e ruas.

Suspensões, quadros e motor foram desenvolvidos para que a moto tenha um preço final muito competitivo,
mas com desempenho elogiável.

O quadro tipo diamante é feito com vigas elípticas de aço de 64x30mm, com grande rigidez na área da caixa de direção, onde está a suspensão dianteira e mais flexível na seção traseira, onde se encaixa a balança de alumínio, para dar uma melhor resposta de leitura da suspensão e a desejável característica de pilotagem. Os pratos de fixação da balança são forjados e depois unidos com solda. A balança de alumínio é curvada para baixo e envolve parte da ponteira do escape do lado direito. O conjunto de suspensão tem curso de 12cm e estão ajustados para uma pilotagem neutra em qualquer condição. A câmara acústica (silenciador) está sob o motor, utilizando um catalizador de 400 células e emitindo um agradável som do 4 cilindros em linha.

O conjunto ciclístico é belo, especialmente as rodas com design mais elaborado e a balança traseira de alumínio.

As rodas são de liga de alumínio com seis raios, têm pneus 120/70-17 à frente e 180/55-17 atrás. Os discos de freio têm bordas onduladas, 240mm atrás e 320mm duplo na frente com ABS de duas vias: freiando um, o outro também é acionado. A massa visual está projetada bem à frente para dar um ar mais musculoso e robusto à moto. O tanque é articulado na parte de trás para facilitar a manutenção e o acesso ao motor, assim como nas motos esportivas atuais. As luzes do pisca e da lanterna traseira são LED e o farol tem o característico desenho em V do novo padrão da linha CB da Honda.

Posição de pilotagem suavemente esportiva, com bastante controle e conforto.

A posição de pilotagem é natural, com tronco ereto e levemente inclinado à frente, posicionando o piloto próximo ao centro de gravidade. O guidom é alto e largo, facilitando as manobras e o conforto, juntamente com o banco largo para piloto e passageiro. A frente do banco é estreita e facilita o apoio dos dois pés no chão, que está a 81cm de distância do assento.

Painel moderno e dividido em dois mostradores com todas as informações básicas.

O painel tem dois grandes mostradores digitais. À esquerda estão o tacômetro (conta-giros) e o velocímetro. À direita estão marcador de combustível, relógio, odômetro (quilometragem),  e as luzes de advertência. Ambos mostradores têm iluminação branca. A chave de ignição tem desenho ondulado oferece segurança otimizada e menor risco de quebra.

Na Honda CB650F, toda a sinalização traseira é em LED.

Para finalizar, vamos ver as principais diferenças técnicas entre a CB650F e a CB600F:
(os dados da Hornet estão entre parêntesis):

Motor: 649cc (599,3cc)
Diâmetro e curso do piston: 67 x 46 mm (67 x 42.5 mm)
Taxa de compressão: 11,4:1 (12,0:1)
Potência máxima: 85,8cv @ 11.000rpm (102cv @ 12.000rpm)
Torque máximo: 6,42kgfm @ 8.000rpm (6,53kgfm a 10.500rpm)
Tanque de combustível: 17,3 litros (19 litros)
Suspensão: Garfos convencionais (Garfos invertidos/upside)
Freios: Discos de 320mm (296mm) x2 na frente
Quadro: Aço (Alumínio)
Entre-eixos: 1.450mm (1.435mm)
Peso com tanque cheio: 206kg ou c/ABS 208kg (193/197kg)
Altura do assento: 81cm (80,4cm)

Continua aqui.













15 comentários:

  1. Para mim isso é um retrocesso. Perdeu potencia torque alem disso mais pesada suspensão, chassi. O que essa Cb650 tem de melhor que a Hornet the king?

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  2. achei um lixo essa cb 650f mais peso menos potencia menos tecnologia chassi aço tanque menos bengalas convencionais, e o valor vai ficar o mesmo, bom pra quem tem hornet vai virar relíquia e ficar igual meus 6 diplomatas que vendi na média de 30 mil. kkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. De acordo com a publicação da revista francesa Moto Revue, a nova Hornet 2015 chegará com um novo motor de 800 cc mais potente com cerca de 115 cavalos e 8,8 kgfm de torque (contra 102 cv e 6,5 kgfm da Hornet 600 atual). O peso da nova Hornet 800 deve ficar em torno dos 190 kg e velocidade máxima de 230 km/h. Com está configuração, a nova Honda Hornet 800 2015 se alinhará às rivais em cilindrada, como Kawasaki Z800, BMW F800R, Ducati Streetfigther 848 e Suzuki GSR 750.

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    1. Olá Gean, obrigado pela participação.
      Na verdade a MotoRevue tentou dar um furo de reportagem, antecipando o que deveria ocorrer no EICMA 2014, no início deste mês, mas nada disso aconteceu. Esse rumor de uma "nova Hornet" já dura uns dois anos e essas afirmações da revista francesa ficaram com jeito de "chutômetro". Isso não quer dizer qua esta moto não esteja nos planos da Honda, apenas que isso não se concretizará até o próximo ano. A insatisfação dos consumidores da Honda com as rivais à frente da CB600F Hornet é ainda mais antiga. Vamos torcer que a Honda esteja realmente num projeto assim, pois isso parece lógico.
      Abraço.

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    2. Blz Waldyr costa tmj nessa torcida.
      Abraço.vlw

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    3. Sr. Waldir Boa tarde, Estou vindo de uma cc Yamaha aqui em Brasília onde tive o prazer de guiar uma MT 9 via test drive, e todos que me atenderam lá disseram que a Yamaha do Brasil com a MT-09, esta nada mais nada menos simplesmente se antecipando a chegada da "CB 800" "New Hornet".

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  4. Com o preço da gasolina vou botar gnv na minha hornet kkkk.

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  5. Acabo de comprar uma Hornet, sempre quis ter uma, a melodia do seu motor é demais.

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  6. Acabo de comprar uma Hornet, sempre quis ter uma, a melodia do seu motor é demais.

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    1. Parabéns Hercílio. Mas deixe o pessoal dormir à noite (risos). Divirta-se com seu novo brinquedo e pilote consciente.

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  7. Tava querendo compra uma hornat 600 2012 mais o preço fica bem parecido com o valor de uma hornat 650f. Quero saber a opinião de quem entende compensa da 28000 em uma hornat 2012 OU 32000 numa 650f o km 2016

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  8. Quero saber o q vale mais apena ė dá 28000 numa hornat 600 2012 ou 32000 Mil numa hornat 650f 0 km

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    1. André, são apenas 14% de diferença para pegar uma zero contra uma com 4 anos de uso. Ande nas duas, se possível. A 600 é mais esportiva e a 650 é mais econômica. Avalie o preço do seguro para ambas. Tudo depende das suas particularidades. O que pode ser bom para você talvez não seja para outra pessoa. Pergunte a alguém que já teve as duas por pelo menos um ano. Boa sorte e pilote consciente.

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  9. Waldyr, boa noite! Deixei para trocar de moto tão logo seja disponibilizado a 2018/2018, a não ser a HONDA faça alguma promoção para desovar as modelos 2017/2018, com NF 2017. Enfim, estou entre a CB500F e a CB650F. O uso será mais urbano e eventualmente uma viaje curto, tipo de 80 a 150 km (ida). Considerando que é impossível andar tempo a 140 km/h, isto porque as estrada no ES não permite essa velocidade com frequencia, pergunto, qual melhor custo benefício na sua opinião? Obviamente que o ronco do motor da 650F é indiscutível mais lindo, mas o propósito é conforto, dirigibilidade, economia tanto de combustível como em manutenção. Para o uso em questão, até que ponto vale a pena pegar uma 650F 2018?

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    1. Olá Meroveu. Racionalmente a moto ideal para este tipo de uso seria umas das CB500(F,R,X) pela economia, custo de manutenção, pilotagem mais suave, etc. Ela é mais adequada ao uso urbano. Emocionalmente a CB650F é mais moto em todos os sentidos, tem melhor setup: melhor suspensão, melhor quadro, melhor motor, etc. É mais segura para ultrapassagens e frenagens, ou seja, estrada e desempenho. Se a sua prioridade é economia, vá de CB500F, que tá garantido. Se for emoção/tesão de pilotar, vá de CB650F. Em termos de conforto não vejo grande diferença entre as duas para ser um peso na decisão de compra. Idem em dirigibilidade, as duas se equivalem, embora a 650 seja mais precisa. A grande vantagem da CB500F é o consumo entre 20 e 30 km/L. A 650 deve ficar entre 15 e 22 km/L. A grosso modo, é mais ou menos assim: sob as mesmas condições de uso, enquanto a 500 gasta 2 litros a 650 vai gastar uns 3. Combustível, pneus, pastilhas de freio, tração e revisão serão mais caros com a 650. A diferença de preço, de quase 50%, não vai lhe dar uma moto 50% melhor para justificar a compra, mas isso vai acontecer com qualquer modelo/marca. É sempre bom termos a melhor moto possível, porém devemos ter folga financeira para mantê-la, senão não faz sentido ter uma moto top e não poder usar ela direito por causa do orçamento apertado. Quando a gente quer uma moto, quer um relacionamento intenso, e isso invariavelmente passa pela nossa capacidade financeira e consciência de uso. Lembre-se que as motos Honda são as mais roubadas no país, considere seriamente fazer um seguro. Seja o mais racional possível e não se deixe levar pela emoção para não se arrepender. Esteja seguro da sua decisão. Boa sorte e pilote consciente.

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