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terça-feira, 25 de março de 2014

Suzuki Bandit 1250S: Parte 2 - analisando uma moto usada antes da compra

Por Waldyr Costa
Imagens divulgação, exceto onde mencionado.

Analisando a Bandit 1250S usada, antes da compra.


Comprar uma moto usada não é só olhar se a pintura está ok e se a moto está limpa. Numa moto desse porte o cuidado com os detalhes deve ser ainda maior, visto que os serviços e peças para eventuais reparos são bem mais caros que numa moto de menor porte. Portando, incluir no seu orçamento, disponível para a compra da moto, todos os itens que precisarão de conserto, reparo ou substituição é importante para você não ficar em apuros com a moto parada porque queimou toda a grana só na compra, não podendo aproveitar o seu novo brinquedo. Então, numa linguagem bem simples, vamos passar algumas referências para ajudar na análise da moto. Apesar deste assunto estar focado na Bandit, ele também serve para outras motos.


É sempre bom levar uma pessoa que entenda de mecânica junto com você para analisar a moto antes da compra, caso você não tenha esse conhecimento. Ou, até mesmo ter uma segunda opinião de um amigo, ajuda. Na impossibilidade de ter um consultor, vamos dar algumas dicas de como verificar os itens de mecânica mais relevantes antes de fechar negócio.

O que observar antes de comprar:


1) Pneus
Este é um item importante na hora da compra, pois pneus gastos deverão ser substituídos imediatamente. Um par de pneus de turismo ou esporte turismo custa algo entre R$ 800,00 e R$ 1.200,00. Inclua isso no seu orçamento caso os pneus não estejam em boas condições. A Bandit 1250S usa pneus com as especificações 120/70 ZR17 58W na roda da frente e 180/55 ZR17 73W atrás. Evite usar pneus com tamanhos diferentes pois alteram a relação final de transmissão, da qual o pneu traseiro é peça integrante, e a ciclística da moto. 


Observe se os pneus estão em boas condições de uso, procure as marcas TWI – Tire Waste Indicator, ou indicador de desgaste do pneu – para ver se elas não estão coincidindo com a superfície do pneu. Estas marcas devem estar a mais de 1,6 mm abaixo da banda de rolagem para considerá-los em boas condições de uso. Caso estejam coincidindo com a superfície, o pneu já chegou no limite de uso e precisa ser substituído. Verifique se os pneus não tem marcas de furos, rasgos, bolhas ou “feridas”, o que indica que o pneu deve ser substituído – para sua segurança – afinal um pneu com remendo, seja ele de que tipo for, não é recomendado para uso acima de 130km/h. 


Para a proposta da Bandit, os pneus para turismo, ou esporte turismo, são os mais indicados, pois oferecem bom desempenho tanto no seco quanto no molhado e também alta quilometragem. Os principais do mercado atualmente são os Pirelli Angel GT, Metzeler Roadtec Z8 Interact, Continental Road Attack 2, Michelin Pilot Road 4, Bridgestone BT21 e BT23, mas ainda são muito vendidas suas versões mais antigas.


Porém cuidado com o ano de fabricação: não compre um pneu se fizer mais de 2 anos que foi fabricado, a borracha já estará mais ressecada e você vai começar com um pneu com menos aderência. Há outras boas marcas como Dunlop, Avon e as mais populares como Maxxis. Quem anda mais forte pode optar por pneus mais esportivos, com maior aderência no seco, porém mais limitados na chuva e também rodam menos quilômetros. Além do que, a Bandit não é uma moto adequada para um track day. Então é recomendável utilizar um touring ou sport touring.


2) Rodas
As rodas devem estar alinhadas, sem empeno ou “balanços” enquanto gira. Coloque a moto no cavalete central e, com o câmbio engatado, solte a embreagem e acelere bem pouco, só para dar movimento à roda e coloque o câmbio em neutro, deixando a roda livre rodando sozinha. Vai dar para observar dos dois lados, a borda da roda, se há empeno e também próximo ao eixo para ver se os rolamentos não apresentam folga ou vibração, se a situação for crítica, vai ficar bem visível. Para ver a roda dianteira, ainda sobre o cavalete central, peça para alguém sentar no banco do garupa ou empurrar para baixo a traseira da moto, de modo que a roda dianteira fique suspensa. Gire-a com a mão, observe se ela roda livremente, sem empeno, e aproveite para verificar se tem alguma folga. Os eixos empenados também provocam oscilações nas rodas. Obs.: cuidado para não ser enganado pela folga que existe no cavalete central, que é normal. Também pode aparecer folga no rolamento da caixa de direção, que não é normal. Pequenos defeitos nas rodas podem ser consertados por uma oficina especializada e competente. Defeitos graves indicam que as rodas precisam ser substituídas e o custo é alto. Não compre peças de desmanches ou usadas sem procedência garantida. Além do risco de estar comprando produto de roubo, você pode estar adquirindo uma roda com o defeito grave que foi remendada para esconder a gravidade do problema e você só vai descobrir que fez besteira quando tiver a uns 200 km/h, e aí só dá tempo de dizer “aaah...”. Rodas danificadas podem indicar que a moto sofreu um acidente grave. Alguns usuários mandam polir as rodas e alguns desses polimentos, como o chamado “diamantado”, remove um pouco da camada de metal da superfície da roda. Este tipo de serviço reduz a resistência mecânica da roda, o que pode fazê-la romper com maior facilidade e causar um acidente muito grave.


3) Caixa de direção
O rolamento da caixa de direção das Bandits podem apresentar desgaste precoce. Folgas ou apertos excessivos podem danificar os roletes ou esferas dos rolamentos, fazendo com que uma regulagem não seja mais suficiente para resolver o problema, que pode ser um barulho, tipo estalo, nas frenagens e arrancadas. Se a folga estiver excessiva, pode até parecer que é algo mais grave. Com a moto no cavalete central e os canos de escape apoiados em um suporte por baixo (cuidado para não danificá-los) de modo que o pneu traseiro toque o solo, a roda dianteira vai ficar livre. Então, com as duas mãos, pegando na parte inferior das bengalas, pressione a suspensão para cima e em seguida, para frente e para trás, observando se há sinal de folga ou algum estalo “seco”. Não é preciso botar muita força para não tirar a moto do apoio e causar um acidente. Uma segunda checagem é montar na moto, sem apoio lateral nem cavalete, engatar a 1ª marcha, travar o freio dianteiro e soltar somente meia-embreagem, só até você observar que a moto está querendo sair, então aperte novamente a embreagem até o final e repita a operação, uma folga maior também vai se fazer sentir na área abaixo do guidão. Se desconfiar que a folga está grande, inclua no seu orçamento o valor da troca dos rolamentos da caixa de direção. Além dos rolamentos originais, no mercado encontram-se facilmente, nas casas especializadas, boas marcas como Nachi e SKF que produzem estes rolamentos cônicos de roletes nas mesmas especificações do original.


4) Conjunto de tração
A famosa “tração” não é completamente visível nas Bandit. Só está lá pra você ver a coroa e a corrente. O pinhão fica escondido por trás da tampa que fica logo acima da alavanca de câmbio. Só é possível vê-lo com a retirada desta tampa. Mas, na impossibilidade de vê-lo, use do mesmo artifício de colocar a moto no cavalete central e ir trocando as marchas como se estivesse passeando na rua. Observe o barulho da corrente, ele deve ser suave e abafado, pouco observável. Qualquer outro barulho mais metálico agudo, “seco” ou como se tivesse areia, indica, no mínimo, uma necessidade de lavagem, limpeza e lubrificação da corrente. Com a roda traseira imóvel, puxe a corrente da coroa, como se quisesse tirar a corrente. Se a folga da corrente for suficiente para expor um ou mais dentes da coroa, inclua o valor da substituição do conjunto de tração no seu orçamento. Note que o pinhão que a Bandit 1250S usa é de 18 dentes e a coroa é de 43 dentes, ambos para corrente de passo 530 com 118 elos. No mercado existem peças de reposição fora dessas medidas, que alteram a relação secundária da moto, influenciando negativamente no consumo de combustível, pneu e da própria tração. Acredite, a melhor relação é nas medidas originais, assim como os pneus. Nunca altere isso, a não ser que você tenha conhecimento técnico suficiente e saiba das implicações dinâmicas por alterar a relação secundária da moto. Se puder, troque a tração completa por uma original, que, se for bem cuidada, dura de 30.000 a 50.000 km.


5) Freios
As Bandit, até 2013, ainda não dispõem de freios com sistema anti-travamento (ABS). Então fica mais fácil de conferir o seu funcionamento. Verifique a uniformidade, a progressão e a sensibilidade. As mangueiras dos fluidos e os reparos das bombas devem ser substituídos a cada 4 anos. Isso é importante para prevenir ressecamento e flacidez no sistema, diminuindo a sua eficiência. Optar por substituir as mangueiras por aquelas reforçadas com malha de aço, tipo aeroquip, é uma boa opção por elas serem menos deformáveis, mais resistentes e também mais elegantes. Verifique o nível do fluído, se o visor do reservatório está limpo e claro. Caso estejam sujos ou escuros, será necessário serviço de limpeza, drenagem e substituição do fluido de freio, que é de especificação DOT4, para ser substituído, no máximo, a cada 2 anos. Em hipótese alguma use uma especificação inferior, pois estará pondo sua visa em risco. Verifique o estado das pastilhas e se os discos apresentam sulcos de desgaste, sinal de mau-uso, e se já estão muito finos, o limite é 4 mm de espessura. Os freios não devem apresentar folgas, vibrações nem flacidez (borrachudo). Se a moto já tiver 4 ou mais anos de uso, considere a substituição de magueiras e fluidos em seu orçamento. Use somente fluidos de fabricantes com qualidade reconhecida. As pastilhas são encontradas de diversas boas marcas e os preços são acessíveis.



6) Embreagem
A embreagem é hidráulica e funciona de forma semelhante aos freios. Então siga as orientações do tópico de freios. Ela também usa fluido DOT4, deve ter as mangueiras substituídas a cada 4 anos e o fluido a cada 2 anos. A embreagem da Bandit 1250, embora seja hidráulica, não é leve, mas também não é pesada. É bastante suave e progressiva, com funcionamento preciso. Qualquer variação indica fluido velho, mangueiras e reparos no prazo para serem substituídos. Se a moto já tiver 4 ou mais anos de uso, considere a substituição de mangueiras e fluidos em seu orçamento. Use somente fluidos de fabricantes com qualidade reconhecida.


7) Suspensão
A suspensão da Bandit conta com regulagem da pré-carga da dianteira e pré-carga e retorno na traseira. Observe se não há vazamento nos amortecedores, indicados por uma mancha ou acúmulo de óleo próximo às partes móveis e nas vedações de borracha. A suspensão dianteira tem 5 níveis de regulagens. Quanto mais alto tiver o parafuso da bengala, mais macia ela vai estar e mais dura caso contrário. Verifique se não há marcas, manchas ou arranhões nos cilindros das bengalas. Vazamentos podem ser provenientes de empenos ou defeitos na superfície dos cilindros dos garfos telescópicos, o que a substituição dos retentores não resolve. Um pequeno empeno pode ser corrigido em uma boa oficina especializada. Caso contrário o cilindro danificado deve ser substituído. A balança traseira não pode ter movimento lateral. Coloque a moto no cavalete central e verifique se há folga ou desalinhamento da balança. O amortecedor é ligado à balança por links e estes são ancorados com coxins de borracha. Verifique se não há folga nesse sistema e se não faz barulho de metal contra metal. A suspensão traseira é muito silenciosa e não deve fazer ruído algum. Já na dianteira, na hora da frenagem, a moto não pode puxar para nenhum lado, deve permanecer na trajetória, sem desvios ou inclinações. Qualquer reparo ou serviço na suspensão deve ser feito por um técnico capacitado ou um bom mecânico de reconhecida competência, não deixe qualquer “mexânico” fazer um “fecaloma” na sua moto. Substitua o fluido da suspensão dianteira no máximo a cada 12.000km. Prefira “fork oil” ou óleo específico para bengala. Existem óleos de especificação 5W; 7,5W, 10W e 15W. Quanto maior o valor, mais dura fica a suspensão. O óleo 7,5 ou 10W são mais próximos ao que a Suzuki recomenda: 99000-99001-SS8 Suzuki Fork Oil SS-08.


8) Quadro
É normal, após alguns anos de uso, aparecer pequenos, eu disse pequenos, detalhes de descascamento em áreas onde o quadro sofre esforço de flexão ou contato com algum outro elemento, como na área dos suportes das pedaleiras, sob o banco, onde passa a fiação próximo à caixa de direção, etc. Mas não deve ter, em nenhuma hipótese, fissuras ou marcas de remendo de solda. O que pode ser indício de acidente grave ou extremo mau-uso. Fuja desses casos. A não ser que queira arriscar a ter que solicitar um quadro novo à fábrica, passar por uma burocracia das mais chatas e gastar uma pequena fortuna com uma boa dor de cabeça. O quadro deve estar íntegro, limpo, sem sinal de amassos, arranhões ou remendos. Verifique os pontos onde tem parafusos para ver se eles estão com marcas de que foram muito mexidos. Desconfie de um quadro “lambusado”. Um reaperto geral nos parafusos deve ser feito anualmente ou a cada 12.000 km.


9) Motor
Funcione o motor da moto. O da Bandit 1250 é um dos mais resistentes disponíveis no mercado. Muito robusto e cheio de torque, com as partes móveis muito bem dimensionadas. Esse motor é uma verdadeira obra de engenharia mecânica. A embreagem é um pouco, mas pouco, barulhenta. O barulho some ou diminui ao pressionarmos a alavanca de embreagem. É normal deste motor, não se assuste. Porém, um motor que sofre com a falta da troca de óleo por longos períodos pode apresentar desgaste precoce nos rolamentos da embreagem, virabrequim e árvore de cames, além de um barulho um pouco mais alto nas engrenagens e rolamentos do câmbio. Não é um motor extremamente silencioso, mas é bem mais tranquilo que o da Bandit 1200. Trabalha muito suavemente, uma seda, vibra quase nada, e apresenta progressão de rotações bastante uniforme. A marcha lenta é bastante estável e a injeção eletrônica é muito eficiente. É muito comum os usuários optarem por alguns upgrades, que podemos considerar como melhorias e ponto positivo na hora da compra. São eles: filtro de ar K&N, velas de irídio, escape mais aberto mas com emissão e ruídos controlados. Se a moto tiver esses itens, goste dela.


OBS.1: Alguns outros upgrades tem sua validade mais contestável, vejamos:
- o fechamento do sistema PAIR (sistema de alimentação de ar do escape para eliminar gases não queimados), o bloqueio otimiza a fluidez do motor em marcha lenta, mas aumenta o índice de emissão de gases pelo escape. O sistema PAIR provoca aqueles “pipocos” dentro do escape nas desacelerações justamente por provocar a queima dos gases que “escaparam” da combustão do motor, mas irrita alguns proprietários que preferem “matar” o PAIR;
- outra coisa é a utilização de um chip para informar ao sistema de gerenciamento eletrônico que a moto está numa determinada marcha. Isso é devido à limitação de potência fornecida pelo motor nas primeiras três marchas. O chip alterado serve para enganar o computador e então o motor não terá mais limitação de potência em marchas baixas;
- uma outra coisa é o escape esportivo aberto sem controle de emissão e nem de ruído, não é recomendado, visto que você pode ser multado e ter a moto apreendida;
- por último os famosos “power comander”, que são controles para alterar a forma como o motor é gerenciado, tanto no tempo de avanço da ignição quanto na forma de alimentação do motor. Isso afeta demasiadamente a performance do motor (em alguns casos), o que pode levar à perda de garantia, além do maior estresse que o motor vai sofrer desnecessariamente, já que a bandit é uma moto de turismo e não uma superbike.
Mesmo assim, alguns fazem todas essas mexidas e que podem levar o motor dos 98cv originais para até 138cv, medidos em dinamômetro. Eu recomendaria apenas como positivo o filtro K&N e as velas de irídio. O escape pode ser uma boa se ele tiver emissão de ruído controlado, pois o original é muito eficiente e é difícil achar um melhor que ele que mantenha a emissão de ruído dentro dos limites legais, o que pode ser um problema caso você tenha um cano livre e caia em uma blitz com aparelhos de medição de ruído, o decibelímetro. 

Na Europa a GSX1250FA, irmã da Bandit 1250SA, usa a mesma tabela de manutenção.

OBS.2: Um fato curioso com relação ao motor é que, na Europa, a Suzuki recomenda o intervalo de troca de óleo a cada 6.000km e a troca do filtro de óleo a cada 18.000km, enquanto que aqui no Brasil a JToledo reduziu este intervalo de troca para 3.000km, tanto para o óleo como para o filtro. A troca do filtro de ar também é num intervalo reduzido: 9.000km pela JToledo e 18.000km pela Suzuki Europa. A troca dos fluidos de refrigeração, embreagem e freio é a cada 1 ano pela JT e 2 anos pela SE. Velas de ignição 6.000km contra 12.000km. Uma parte dessas reduções de intervalos justificam-se pelo nosso clima ser mais quente e o trânsito nas nossas grandes cidades ser mais caótico. Mas há um certo exagero nisso. Quando se reduz tanto o intervalo de troca de óleo, começa-se a não aproveitar toda a capacidade do óleo, descartando-o desnecessariamente cedo, é ecologicamente incorreto, especialmente para um motor que não precisa ser exigido como o de uma moto pequena ou um de competição. Um intervalo de troca de óleo a cada 5.000km junto com o filtro já é mais que suficiente. O filtro de ar dá pra ser trocado a cada 12.000km junto com as velas, pois esta não é uma maxi trail que fica pegando poeira. Já a troca dos fluidos de freio, embreagem e radiador, é melhor ser feita mesmo a cada 2 anos ou 24.000km. Quem mora em áreas mais críticas e faz uso mais radical da moto, deve reduzir mesmo esses intervalos de troca pela metade. Mas quem utiliza a moto somente para longas e tranquilas viagens, pode seguir a tabela européia sem problemas.


10) Sistema elétrico
As Bandit tiveram um recall para os retificadores, verifique a numeração de chassi para saber se a moto está na lista do recall e se foi feito ou não a substituição. Esse recall não tem prazo. 

É bom verificar, com um voltímetro, como está a carga da bateria, com o motor desligado. Deve estar igual ou acima de 12,8 volts. O alternador deve estar gerando algo entre 14,5 e 15,5 volts para a bateria com o motor girando próximo a 5.000 rpm. Se estiver fora dessa faixa tem algo errado. Verifique o funcionamento de todos os interruptores de pisca, buzina, farol, lampejador, corte de ignição e partida. Verifique também se o miolo de ignição está funcionando adequadamente, se a chave gira sem dificuldade para ligar ou travar o guidão. Verifique se a ventoinha (ventilador) do radiador está ligando quando o motor aquece. Outro item que deve ser checado com cuidado é o painel, você vai estar olhando para ele toda hora, e se estiver com algum problema, vai lhe deixar muito irritado em pouco tempo. Qualquer irregularidade deve ser incluída em seu orçamento. Uma verificação completa do sistema elétrico só é possível numa oficina com os equipamentos adequados de medição para verificar a funcionalidade de todos os itens.


11) Pintura e acabamentos
Antes de olhar para os detalhes de acabamento, olhe atentamente as fotos de divulgação da moto original, que é muito fácil de encontrar na web. Veja os detalhes, os parafusos, os encaixes, os cromados, a pintura, os manetes e pedais, espelhos, parabrisa e tudo o que puder gravar em mente para comparar com a moto que você vai analisar. Preste atenção, pois motos de anos diferentes podem ter itens alterados. As Bandit 1250 com motor prata (2007/2010) são ligeiramente diferentes das com motor preto (2011/2014). Considere o que é relevante para você. Os itens de pintura e revestimento estão bem à vista, é preciso um olho mais treinado para saber o que está “maquiado”, o que foi repintado e o que ainda é original. As pinturas originais são levemente “marteladas”, tem pequeníssimas ondulações uniformes como se fosse a textura natural do metal, passando a impressão de maior profundidade. Pinturas refeitas são mais “lisas”, polidas, com a superfície sem ondulações. Se forem mal feitas, terão relevos, locais mais porossos e algum escorrimento de tinta ou verniz. Num caso desses é melhor considerar refazer a pintura, mas lembre que isso pode estar escondendo algo mais grave por baixo daquele monte de massa plástica/epóxi. As peças polidas, cromadas e inox devem estar com aparência uniforme, sem texturas ou porisidades, nem pontos de oxidação. Na placa traseira é bom que tenha um suporte plástico e esteja com o arame do selo do lacre intacto, caso contrário peça ao proprietário para resolver isso antes da compra. Não pilote a moto se o lacre estiver rompido ou adulterado e não compre a moto com esses itens irregulares.  Você pode ser preso até por receptação de roubo. 


Verifique o alinhamento e encaixe das peças das carenagens, comparando um lado com o outro e a disposição dos parafusos, que podem denunciar muita coisa, especialmente se eles forem diferentes dos originais. Os parafusos são bem encaixados em seus “casulos”, sem folgas ou excessos. Quase todos usam buchas ou coxins de borracha para redução de vibração e ruídos. Os pedais podem indicar a gravidade de um acidente sofrido pela moto, mas não confunda com aqueles parafusos “raspadores” que ficam em baixo do pedal do piloto que podem estar desgastados por uma pilotagem normal com inclinações mais fortes, quando o pedal do piloto toca o chão. O desgaste anormal é se tiver arranhado ou lixado na extremidade horizontal, na quina do pedal. Isso também pode estar presente no pedal do garupa, nas partes baixas das tampas do motor, na parte inferior do escape ou nas extremidades das bengalas, dos pesos do guidão e nas alavancas de embreagem, freio e marchas. Fica a seu critério o que aceitar ou não nessas condições, mas considere seriamente, exceto a pintura, corrigir tudo imediatamente caso resolva adquirir a moto, principalmente itens de controle como guidão, manetes e pedais. Esses itens fazem parte do pacote de segurança da moto.


12) Documentação
Estando tudo ok com a moto, parte-se para verificar a idoneidade do veículo quanto a licenciamento, queixa de roubo e impostos pendentes. É uma longa burocracia, especialmente se a moto for transferência entre Estados. Delegacia de roubos e furtos de veículos, cartórios, detrans e lojas podem estar num pacote de serviços que lhe custará tempo e dinheiro. Se couber no seu orçamento, ou se não tiver tempo, contrate um despachante de sua confiança para resolver tudo para você, lhes digo, por experiência própria, que vale a pena. Mas que seja alguém de confiança, pois se for um picareta você pode até perder a moto. Então todo cuidado é pouco. E se você resolver fazer tudo sozinho, é bom para aprender o processo e se sentir mais seguro de tudo o que está rolando. Não esqueça do manual do usuário e da chave reserva. Cobre isso do proprietário da moto. Verifique os carimbos de revisão, que são uma indicação de zelo pela moto. Se a última revisão foi feita numa quilometragem não muito distante e se foram puladas algumas delas. Normalmente o intervalo de 3.000km para revisão dado pela JToledo irrita muito os donos de Bandit, pois a mão de obra é cara e as autorizadas mal trocam o filtro e o óleo. É bom se informar sobre quais concessionárias prestam bom serviço, especialmente se a sua futura moto ainda estiver em garantia.



Então é isso pessoal. É só uma ajudinha, umas dicas. Não é uma regra, nem precisa ser assim como escrevemos. É apenas uma referência para aqueles que não tem a devida experiência se saírem um pouco melhor. Não se deixem levar pela empolgação. Como dizem: muita calma nessa hora. A razão e a consciência devem estar em primeiro lugar para não lhe causarem arrependimento. E depois que comprar a moto, independente de qualquer coisa, faça uma revisão geral, substitua todos os itens que já passaram do prazo. Troque óleo do motor, fluido do radiador, fluidos de freio e embreagem, óleo das bengalas, substitua filtros de ar e óleo, pastilhas de freio, tração e pneus se estiverem no prazo de serem substituídos. Assim você vai estar com uma moto nova, e não com uma nova moto velha. Boa sorte a muitos km de diversão.

30 comentários:

  1. Grande moto, a melhor que eu já tive.

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  2. Tive a minha roubada mas gostei tanto que vou comprar outra!! Excelente custo/benefício

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  3. Gostei muito...estou tirando algumas duvidas para comprar a minha!

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  4. Fantástica reportagem, dicas eloquentes e úteis. Gostaria que fosse feito sobre a co irmã mais nova a bandit 650, será que dá? pois as dicas serviriam também para a irmã menor? obrigado!

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    1. Olá Hélio. As dicas servem muito bem para a Bandit 650. Apenas considere que algumas coisas são diferentes, como suspensões, roda traseira, embreagem (comum na 1250 e hidráulica na 650), etc. Mas no geral é isso aí. Serve inclusive para outras motos de outras marcas. É uma referência, pois cada modelo/ano/versão tem suas particularidades. Por exemplo, se for a Bandit 1200, algumas coisas também mudam. Use como referência e boa sorte.

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    2. Tive uma 650...Um Sonho,Violenta porém Dócil(entendem né?) Coisa que só possuindo, usando, acelerando manobrando, em modo Pilotagem R e s p o n s á v e l vive- se a Felicidade de uma Verdadeira MÁQUINA em seu esplendôr!

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  5. boa tarde prezados!
    acabei de comprar uma Bandit-1250s, estou empolgado! já andei de XTX660, mas ultimamente tenho andado de bros150 vou continuar com ela pela mobilidade e economia. A grandona devo usa-la a passeio no decorre do mês conto mais .......

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  6. Parabéns ; Tenho uma 1250 e é uma exelente motocicleta!

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  7. Parabéns pela matéria !
    Adquirí uma 1250 recetemente e esto a dorando!

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    1. Valeu, José Márcio. Curta muito sua muscle bike. Boa sorte e pilote consciente.

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    2. Ah, e se quiser fazer um relato nos deixando a sua opinião sobre a moto, fique à vontade. Abraço.

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  8. Boa tarde! LEgal, espero ter a minha 1200 ou 1250!! Logo...içaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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    1. Olá, Mallo. Quando comprar a sua pode publicar aqui sobre o seu novo relacionamento. Boa sorte e pilote consciente.

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  9. Pessoal, preciso saber onde faz a sangria do fluido da embreagem, n encontro e preciso fazer a troca, mas n quero levar na concessionaria !!!!

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    1. Olá Danilo. O acionador da embreagem fica sobre o peão da tração. Você tira a tampa do peão e vai encontrar o dreno do êmbolo. Se você não tem experiência, não deve fazer este serviço. Pela sua pergunta imagino que não tenha. Não precisa ser na concessionária, um bom mecânico vai fazer isso sem estragar o seu sistema. Tenha cuidado para o barato não sair caro. Boa sorte e pilote consciente.

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  10. Boa noite.....parabéns pela reportagem sensacional... tenho uma 1250N, 2011 tirei Zero, moto maravilhosa tenho dó quando penso em trocar. 5 anos de uso e 35.000 Km...Grande abraço...

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    1. Obrigado Sidnei. Quem sabe nestes salões europeus 2016 não aparece uma novidade em relação às Bandits. Acho difícil a Suzuki tirar ela de linha definitivamente. É uma marca muito forte na empresa, com uma legião de fãs mundo afora. Mais cedo ou mais tarde ela será ajustada para as novas normas EURO2017. Por enquanto a Bandit 650 está fora de linha, mas a 1250 ainda tem espaço e conta com a versão GSX1250F, que é bem conceituada na Europa, que manda nesses modelos de média e alta cilindrada. Em janeiro de 2017 entra a nova norma européia e a maioria das motos, de todos os fabricantes, ainda não atendem a essa legislação. Teremos muitas novidades e ajustes nesse segundo semestre (2016) e eu torço para que o Brasil esteja na rota delas. Boa sorte e continue forte com a Bandidona.

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  11. Pessoal, boa tarde,

    A Roda 17" da Bandit, serve na Vstrom DL 1000 (2003-2009)? Por que queria deixar ela com as duas rodas 17". Obrigado

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  12. Excelente moto tive uma 1200s,agora tenho uma 1250n as duas são ótimas

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    1. Verdade, Rodrigo. Valeu pela participação. Boa sorte.

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  13. Foi Sensacional ler esta matéria... compreo a minha 1250s 2011 há uma semana e sanei as minhas dúvidas quanto ao que tenho que observar na minha mais nova paixão (bandit). O tec tec do motor qe eu encanei que era valvulas rsrsrrs é dela mesmo e os estouros no escape acho o máximo hahahha valeu pelo artigo...

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  14. Foi Sensacional ler esta matéria... compreo a minha 1250s 2011 há uma semana e sanei as minhas dúvidas quanto ao que tenho que observar na minha mais nova paixão (bandit). O tec tec do motor qe eu encanei que era valvulas rsrsrrs é dela mesmo e os estouros no escape acho o máximo hahahha valeu pelo artigo...

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    1. Tem outras matérias com a Bandit. Se você ainda não viu, aqui estão os links:

      PARTE 1:
      https://jornaldomotociclista.blogspot.com.br/2014/02/suzuki-bandit-1250s-2009-teste-de-longa.html

      PARTE 3:
      http://jornaldomotociclista.blogspot.com.br/2014/05/suzuki-bandit-1250s-2009-teste-de-longa.html

      Nova Bandit 2015 (não veio para o Brasil):
      https://jornaldomotociclista.blogspot.com.br/2014/11/suzuki-gsf1250sa-bandit-2015-nao-se.html

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  15. Excelentes informações. Concordo com tudo o que é dito aí.

    Abraço!

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  16. Nossa, fantástica reportagem. Muito útil mesmo. Tenho uma bandit 2013/2013 com 18.000 km. Moto fantástica.

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  17. Ótima reportagem. Parabéns. Me baseei nestes tópicos para escolher minha Bandit 1250s. Minha primeira moto com mais de 1000cc, visto que antes só tive duas 600cc e algumas outras ainda menores. Adquiri a minha Bandit 1250s a duas semanas, ano 2009/2010 com apenas 13.000kms originais. Um verdadeiro achado.
    Estou gostando muito da moto. Sobra motor, suave e forte demais. Interessante pois junto do manual e chave reserva existiam algumas notas fiscais de revisões e etc e juntamente uma nf da troca do retificador, que foi citado no texto acima.
    Obrigado pelas dicas, e, bora andar! Abraço.

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  18. Reportagem espetacular, hoje sou um feliz proprietário de uma Bandit 1250N 2009, minha primeira 4cc, esperei muito por este momento e Deus me abençoou colocando no meu caminho está incrível moto de único dono e com apenas 52 mil km, pensa em uma moto que parece que saiu da concessionária. "Sorte"? Não sei só sei que estou mega realizado e vim aqui compartilhar com os amigos amantes desta super máquina. A todos bons ventos e quem sabe nos encontramos por ai, ao escritor desta reportagem mais uma vez meus parabéns foi muito útil e prazeroso fazer está leitura do início ao fim.

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