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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Indian Scout 2015: o renascimento de um mito.

Por Waldyr Costa


Imagens das Indians antigas publicadas pela Wikipedia/Wikimedia, com os autores indicados em cada imagem.
Imagens das novas Indian são de divulgação. 


A Indian Scout 2015 leva o presente de volta ao passado.  Um dos melhores designs da categoria.

Indian Motorcycle Company

A Indian é uma marca norteamericana de motocicletas que iniciou suas atividades em 1901, com o nome Hendee Manufacturing Company, na cidade de Springfield, no estado de Massachusetts. Somente em 1928 passou a se chamar Indian Motorcycle Manufacturing Company. É a marca mais antiga das Américas ainda em atividade, embora tenha passado por um período obscuro na segunda metade do século XX. A Indian, junto com a Victory e a Harley-Davidson, construiram a tradição motociclística dos EUA na primeira metade do século vinte com seus motores V2.


Indian Scout G-20 1920. Foto de Pierro em Wikimedia.

Os primeiros sucessos da Indian se deram na Ilha de Man, Inglaterra, em 1911, quando ficou com os três primeiros lugares do Isle Of Man Tourist Trophy. Durante a década de 1910 a Indian foi o maior fabricante de motos do mundo. Nas décadas de 1920, 30 e 40, os modelos Scout e Chief eram os carros-chefe, ou melhor, as motos-chefe da marca. Em 1953 a empresa abriu falência, sendo adquirida sucessivas vezes por diversas empresas de várias áreas econômicas, que mal mantiveram a marca ativa.

A Indian Chief, à esquerda, relançada em 2012, e a Scout 2015 à direita. Este visual nos leva direto aos anos 40. 

O Renascimento

A Polaris, uma das maiores empresas da área de snowmobiles (motos para neve), ATV (quadriciclos) e mini carros (para golf, condomínios e urbanos), adquiriu a marca em 2011, para juntá-la à outra tradicionalíssima marca também do Grupo Polaris, a Victory - falaremos dela em outra oportunidade. A primeira providência da Polaris foi reconstruir o nome Indian, produzindo os modelos mais tradicionais e os recolocando no mercado atualizados. A Indian voltou com uma forte campanha comercial em 2012 e uma estratégia ousada de participação em todos os eventos quanto possíveis, com o Indian Motorcycle Demo Experience (algo como um test-drive intinerante), com a Chief em várias versões e mais recentemente com a Scout neste mês de agosto, em Sturgis - Dakota do Sul - EUA, da qual falaremos neste post.

Desenho original de Charles Bayly da Indian Scout G-20 em 1919.

SCOUT

A Scout foi o primeiro grande sucesso da Indian, portanto é o modelo mais tradicional da marca. O projeto todo foi desenvolvido por Charles Bayly Franklin, que além de engenheiro, era também piloto, e dos bons, pois ele fazia parte da equipe que venceu o TT da Ilha de Man em 1911. Ela foi lançada em outubro de 1919 como modelo Scout G-20 (1920) com motor V2 de 606cc. Em 1927 o motor aumentou para 745cc. Em 1928 foi a vez do freio dianteiro, é isso mesmo, antigamente as motos só tinham freio atrás. Durante a Segunda Guerra Mundial as Forças Aliadas e os EUA utilizaram versões da Scout de baixa e média cilindrada.

Uma das motos que Burt Munro bateu recorde mundial de velocidade, sem carenagem do lado esquerdo.
Foto de Daniel O'Neal em Wikimedia.

Nos anos 60, Burt Munro quebrou três recordes mundiais de velocidade com uma Indian Scout modificada na planície (lago seco) de sal em Boneville. O mais significante foi ter obtido 288km/h para motos abaixo de 54 polegadas cúbicas (883cc) em 20/08/1962, um valor que só foi superado pelas motos de 1.000cc em 26/08/1967 pelo mesmo Burt com outra Scout. Seus feitos podem ser vistos no filme “The World’s Fastest Indian (em português o título mudou para “Desafiando os Limites”) de 2005, com Anthony Hopkins interpretando Burt Munro.

Em agosto de 2014 renasceu a Scout, como modelo 2015, quase um século depois de sua primeira criação em 1919.

Indian Scout 2015

Bom, vamos deixar a história de lado e voltar à atualidade. Atualmente a Scout é o “novo” lançamento da Indian para 2015, que segue a bem sucedida série dos modelos Chief entre 2012 e 2014. A Scout 2015 é uma projeto completamente novo, que preza muito pela beleza. Pesando pouco mais de 250kg totalmente abastecida, a mais leve custom da sua categoria, a Scout 2015 é uma releitura do clássico modelo de 1920 com a modernidade tecnológica do século XXI, preservando o espírito de inovação para a geração atual, de uma das motos mais faladas de todos os tempos.

A qualidade está em cada peça da nova Scout. 

Trazendo um inovador e leve quadro de alumínio, uma raridade nas custom, que permitem uma altura de assento abaixo de 64cm do solo, otimizando o conforto, o equilíbrio e a manobrabilidade, sendo uma moto acessível a pilotos de qualquer estatura e nível de experiência. O motor V2 de 1.130cc, tem potência máxima de 100cv, e oferece emoção suficiente para divertir qualquer um que se atreva a extrair um pouco mais dessa máquina.

O design chama atenção até de quem não gosta de motos, só pela sua beleza artística.

Essa é a primeira realmente nova Scout nos últimos 70 anos e é o retorno de um mito que está escrito nos anais da história motociclística da primeira metade do século passado, incluindo a Segunda Guerra Mundial.

O esforço da Polaris com as Indian merece elogio pelos resultados obtidos tanto em design quanto em engenharia.
A recriação deste modelo exigiu uma profunda pesquisa e envolvimento dos projetistas e engenheiros da Polaris para manter as características e sensações dos modelos originais, sem se absterem da tecnologia atual, resultando numa experiência de pilotagem que remete à qualidade, versatilidade e imediata identificação que esta nova Scout consegue passar ao piloto.

Cuidada nos mínimos detalhes para ser nostálgica. O painel é uma obra em sintonia com o início do século XX.

O projeto desta moto partiu do zero, com o objetivo de obter uma moto com excelente equilíbrio, conforto e controle, oferecendo uma condição de pilotagem que agrade tanto aos mais experientes quanto aos novatos. O visual clássico remete à Scout do século passado, com ênfase no desenho do motor e ao par de amortecedores traseiros inclinados.

A vontade é de sentar ali e sair mundo afora testando esta máquina.

O assento fica a 635 mm do solo, a distância entre-eixos é de 1.562 mm, o ângulo de inclinação lateral chega a 31º e o baixo centro de gravidade facilitam o controle da moto tanto em alta quanto em baixa velocidade. E pra destacar ainda mais a beleza da moto, está o banco feito de legítimo couro de alta qualidade.

O motor é daqueles que a gente colocaria na sala de visita como uma verdadeira obra de arte.

O motor se destaca tanto pelo belo desenho, quanto pela uniformidade de entrega de força e potência. Utiliza sistema de refrigeração líquida - o primeiro em uma Indian -, que foi trabalhado para otimizar a durabilidade e consequentemente a confiabilidade do motor. As modernidades continuam com acelerador eletrônico - drive-by-wire - injeção eletrônica multiponto e câmbio de 6 velocidades. O torque máximo de quase 10 kgfm chega a um alto regime - para uma custom - de 5.900 rpm, enfatizando a característica esportiva do propulsor.

A Polaris preservou a identidade e os conceitos originais da Indian tanto na Chief em 2012 quanto na Scout em 2014.
Especificações:

Motor V2 de 1.130cc com refrigeração líquida
Potência máxima 100cv @ (rpm não informado)
Torque máximo 9.96kgfm @ 5.900rpm
Injeção eletrônica de circuito fechado
Corpo de aceleração de 60mm
Curso da suspensão dianteira: 120mm
Curso da suspensão traseira: 76mm
Freio dianteiro com disco de 298mm e pinça de dois pistões
Freio traseiro com disco de 298mm e pinça de um pistão
Roda dianteira 16"x 3.5" com pneu 130/90-16 72H
Roda traseira 16"x 5" com pneu 150/80-16 71H
Escape duplo lateral com crossover
Tanque de combustível para 12,5 litros

Dimensões em polegadas. Imagem de http://www.indianmotorcycle.com/

Altura livre do solo: 135mm
Largura total: 880mm
Altura total: 1.207mm
Comprimento total: 2.311mm
Rake/trail: 29º / 119,9mm
Altura do assento: 635mm
Entre-eixos: 1562mm
Ângulo máximo de inclinação: 31º
Peso em ordem de marcha: 253kg
Peso total admissível (tara): 449kg


Mais fotos da Scout 2015.

Mulheres, homens, jovens e coroas. Todos ficarão à vontade na Scout.

O trio de cores disponíveis.

A imensa Indian Chief à direita, fazendo companhia à Scout, que parece até pequena junto da Chief.

A qualidade é visível em cada detalhe.


A moto é limpa, lisa, simples e fluida.

É um convite a passeios tranquilos, assim como na foto.

O símbolo da marca, o "I" clássico está em relevo no cabeçote.

Não há como não notar sua presença.

O novo e o velho, quase cem anos entre eles.

Detalhe da logomarca também na tampa da chave do tanque de combustível.

Ela combina com qualquer paisagem que você imaginar.

A marca e o nome do modelo, na tampa lateral a inscrição 1200, que na verdade é 1.130cc.

Os pneus volumosos se encarregam do conforto e de passar robustez à imagem da moto.

A obra de arte em preto fosco, banco em couro natural envelhecido e os cromados inspiram aconchego e prazer.

2 comentários:

  1. Após dois anos do lançamento, já existe uma análise da relação custoxbenefício da Indian comparada a outras de mesmo porte? Por exemplo quanto ao custo de manutenção, disponibilidade de peças e rede de atendimento no Brasil.

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    1. Olá Paulo. Este é o tipo de moto que o custo-benefício é muito relativo. É uma moto especial, assim como é uma MV Agusta, uma Ducati etc. Tudo é menos acessível do que numa moto, do mesmo porte, mais "popular" no mercado, quando você encontra até algumas peças alternativas às originais. Você precisa querer uma moto diferenciada e saber que vai pagar por isso, tanto em aquisição como em manutenção e revenda. O que você espera de uma moto dessas? Se você tem o perfil de ficar trocando de moto com mais frequência, talvez não seja uma boa opção em termos financeiros. Mas se você curte, gosta mesmo do estilo e quer usufruir de uma especialidade, ela é bastante válida. Se pergunte o que você realmente quer e vai saber a resposta. Toda exclusividade tem seu preço. Boa sorte e pilote consciente.

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